Blog do BG
– O ex-deputado Henrique Eduardo Alves divulgou nesta segunda-feira,
28, uma carta endereçada à presidente Dilma Rousseff. Nela, ele pede em
caráter irrevogável demissão do cargo de ministro do Turismo. Um dia
antes do encontro em que o seu partido, o. PMDB, vai anunciar o
rompimento com Dilma e ajudar a cavar o fosso que a leva ao impeachment.
Um detalhe importante: a data do documento, cuidadosamente digitado, no
qual pede a compreensão da agora ex-chefe para o fato de que ele
precisa ter lealdade ao partido e coerência ideológica, foi posta à
caneta.
O
documento estava pronto. Faltava escolher o momento certo de usar. Mas
até sexta-feira, Henrique tentava convencer deputados peemedebistas a
não romperem com o governo. Quando percebeu que não conseguiria apoio
para um governo em processo de derrocada e, assim, salvar o seu emprego
de ministro, Henrique decidiu ser “coerente e leal”. Não se sabe a quem
ou a que. Talvez à sua própria história.
Repetiu
com Dilma o que já fizera antes com Micarla e depois com Rosalba. Quando
ambas tinham cargos e estrutura a oferecer a ele e seu grupo, contaram
com o apoio do então deputado. Quando o poço secou, Henrique rompeu. No
melhor estilo “político-tapioca” – quando a chapa esquenta ele vira de
lado – Henrique Alves sonha agora em virar ministro do amigo e
“comandante” Michel Temer que poderá ser empossado presidente da
República até maio.
Em matéria
de oportunismo, o deputado com 46 anos de vida partidária é um PhD.
Como esquecer que ele articulou para reprovar as contas do primo Carlos
Eduardo Alves para tentar impedi-lo de ser candidato em 2012? Como não
lembrar que desde o ano passado Henrique já hipotecou apoio ao projeto
de reeleição do mesmo Carlos Eduardo, indicando secretário e querendo
indicar o candidato a vice-prefeito?
Uma
consulta a um bom dicionário impediria o uso dos termos em um documento
que vai entrar para a história. Não como como sinônimo de lealdade e
coerência. Longe disso. Mas como demonstração de oportunismo. Mas em
termos de companhia, o deputado Henrique Alves vai muito bem, obrigado.
Afinal, são 46 anos de PMDB. Não são pouca coisa. E nesta trajetória tem
muito antecedente não contado ou mal contado. Poderíamos começar pela
história da “Arena Verde” ou o “Arenebê”. Mas essa é outra história.
Muito longa. Fica pra depois.
Um
detalhe: sem o cargo de ministro, Henrique perde o direito ao foro
privilegiado e, nas investigações da Operação Lava Jato, fica ao alcance
da caneta do juiz Sérgio Moro. E isso é um detalhe que pode fazer a
diferença amanhã, depois ou qualquer dia desses.
Quem sabe…