Por Bruno Barreto - Parece brincadeira, mas as brechas da vida permitem que alguém que esteja preso possa ser eleito. Isso aconteceu em duas cidades nas eleições de 2016. Em Catolé do Rocha (PB), Bira Rocha, foi eleito vereador. Em Ibatiba (ES), Beto da Saúde não foi só eleito para o parlamento municipal como conseguiu ser o mais votado. Por que o Rio Grande do Norte estaria fora disso?
E não está. Informações de bastidores dão conta de que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves estaria disposto a ser candidato a deputado federal mesmo de dentro do xilindró. Ele preenche os critérios para entrar na disputa porque não está condenado nem mesmo em primeira instância. Para todos os efeitos é “ficha limpa” mesmo estando preso desde o dia 6 de junho na operação “Manus”, desdobramento da Lava Jato.
Henrique Alves mesmo preso conseguiu articular ocultação de bens e fraudes em licitações segundo os investigadores da operação “Lavat”. Se isso foi possível, imagine disputar um cargo eletivo de dentro da cadeia? Henrique tem bases consolidadas e aparentemente intactas. O ex-deputado tem capacidade de articulação e precisa de foro privilegiado.
Vale lembrar que em 1998 Henrique Alves viveu um momento dramático em sua vida pessoal que respingou na política. Estava com um câncer na garganta e impedido de fazer discursos e gravar vídeos para o horário eleitoral gratuito. Durante a maior parte da campanha ele esteve nos EUA fazendo tratamento e só esteve presente em um comício.
Com o slogan “O povo fala por ele”, Henrique obteve 163,572 (15.73%) se tornando proporcionalmente o deputado federal mais votado do Brasil em 1998. Eleito, Henrique passaria a contar com foro privilegiado e num cenário ideal (para ele) poderia ser solto por algum ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ironia: já pensou em 2018, 20 anos depois, ele usando o slogan “O povo solta ele”?