Curiosamente, Stédile criticou a entrega do título de propriedade aos assentados, programa que tem sido realizado pelo governo Bolsonaro. "Não houve mais nenhuma desapropriação de terra, e o governo agora está usando uma técnica que é a de reverter a reforma agrária. Criaram o programa Titula Brasil, que na prática estimula o assentado a vender sua terra. Com um título de propriedade privada, na primeira crise ele vai vender. E será para o fazendeiro vizinho, que está doido para pegar aquela área. A proposta histórica do MST é que quem conquista terra pela reforma agrária não pode vendê-la, só pode deixá-la como herança. O certo então seria devolvê-la para o Incra", disse.
Integrante da direção nacional do MST, Stedile disse ainda que a reabilitação eleitoral do ex-presidente Lula (PT) "colocou um bode na sala" para a elite, que estaria indecisa entre deixar Bolsonaro definhar no cargo ou mantê-lo até as eleições de 2022, enquanto busca um nome de terceira via. "O Lula está no segundo turno", disse ele, que apoia o petista e o descreve como o único líder político no país que consegue falar tanto com banqueiros quanto com trabalhadores de reciclagem.