O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tomou posse nesta quinta-feira (17) como novo ministro-chefe da
Casa Civil em cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado da presidente
Dilma Rousseff. A posse ocorreu um dia após o juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em
primeira instância, retirar o sigilo sobre ligações do ex-presidente
Lula interceptadas com autorização judicial.
Em um desses telefonemas, Lula recebeu
uma ligação da presidente Dilma na qual ela disse que enviará a ele o
termo de posse para que ele só usasse “em caso de necessidade”. A
divulgação de grampos telefônicos provocou protestos em 19 estados e no
DF na noite desta quarta-feira (16).
Para a oposição, o diálogo derruba a
versão da presidente Dilma de que Lula iria para o ministério com o
objetivo de fortalecer o governo e ajudar na recomposição da base de
apoio do Palácio do Planalto no Congresso. No entendimento de líderes
oposicionistas, fica claro que Lula aceitou a nomeação a fim de ter foro
privilegiado e passar a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) e não mais por Sérgio Moro.
Os advogados do ex-presidente
classificaram a divulgação da conversa de “arbitrariedade”. O governo,
por meio de nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, disse
que o juiz violou a lei, além de fazer algo considerado pelo Planalto
uma “afronta” aos direitos e garantias da Presidência da República e uma
“flagrante violação da lei e da Constituição da República”.
Ao lado de Lula, também tomaram posse os
novos ministros da Justiça, Eugênio Aragão, e da Aviação Civil, Mauro
Lopes. Deslocado da Casa Civil para dar o cargo a Lula, Jaques Wagner
passará a comandar, a partir desta terça, o novo ministério do Gabinete
Pessoal do Presidente da República.