Dois vice-líderes do governo no Senado Wellington Fagundes (PR-MT) e
Hélio José (PMDB-DF) declararam nesta sexta-feira, na tribuna do
plenário, que irão votar pela instauração do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Os dois integravam o bloco dos indecisos da
Casa, como mostrou o mapa do impeachment do site de VEJA.
Com a mudança de posicionamento dos senadores, cresce a expectativa de
que o processo será admitido na Casa, o que resultará no afastamento da
presidente Dilma Rousseff por até 180 dias, enquanto o vice-presidente
Michel Temer assumirá o seu lugar.
No dia limite do prazo previsto pelo regimento, as lideranças do PT e
do PCdoB formalizaram as indicações para a composição da comissão
especial do impeachment. Dentre os 21 membros do colegiado, apenas cinco
- três do PT, um do PDT e outro do PCdoB - manifestam posição contrária
ao impeachment. Os outros 15 já declararam abertamente serem favoráveis
ao afastamento. O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), indicado presidir o
colegiado, mudou a sua posição de favorável para indeciso nesta semana.
Em seu discurso no plenário, Fagundes, que é integrante titular da
comissão, afirmou que a presidente Dilma Rousseff "falhou" no diálogo
com o Congresso e na demora em realizar reformas que pudessem mitigar a
crise econômica e política. "Vamos votar, sim, pela admissibilidade,
porque, politicamente, o país já está maduro para isso. A população se
manifestou e, felizmente, não tivemos nenhum incidente. Ou seja, a
democracia está funcionando plenamente. Os Poderes estão funcionando
plenamente", afirmou ele. Na Câmara, dez deputados do PR votaram contra o
impedimento e 26, a favor.
O senador ainda citou um encontro que teve com a presidente Dilma, há
dois meses, no qual ela lhe perguntou qual seria a posição do Senado
sobre o impeachment. "Eu não hesitei em dizer para a presidente da
República: 'presidente, hoje o clima no Senado é pela admissibilidade,
porque todos nós aqui somos políticos e temos que ouvir a população,
temos que ouvir as vozes das ruas'", narrou.
Já o senador Hélio José, que é suplente na comissão pelo PMDB,
afirmou que Michel Temer já está "se organizando" para assumir o governo
na segunda quinzena de maio, quando o impeachment deve ir a votação em
plenário. "A questão da admissibilidade é reconhecer que, certo ou não,
há uma instituição chamada Câmara dos Deputados que aprovou. E cabe a
nós, a outra instituição, que é o Senado, acolher, analisar e definir.
Na comissão de admissibilidade, serei pela admissão do processo", disse
ele.
Os dois senadores, no entanto, destacaram que, na primeira fase do
processo, a decisão é essencialmente política, como foi na Câmara. Na
segunda etapa, a do julgamento, os parlamentares ganham a atribuição de
juízes e, por isso, não devem anunciar com antecedência se condenarão ou
não a presidente Dilma Rousseff pelo crime de responsabilidade.