Outros grupos de cientistas já tentaram desenvolver uma pílula masculina à base do hormônio testosterona. O problema é que a abordagem resultou em efeitos colaterais como ganho de peso, depressão e aumento do colesterol ruim (LDL), que é associado a maior risco de doença cardíaca.
A descoberta pode ser um marco na medicina para o controle de natalidade, que até aqui é encarado como uma responsabilidade predominantemente feminina. “Vários estudos mostram que os homens estão interessados em compartilhar a responsabilidade contraceptiva com suas parceiras”, disse o pesquisador Abdullah Al Noman, graduado da Universidade de Minnesota, responsável por apresentar a pesquisa na reunião da American Chemical Society, realizada na quarta-feira (23/3).
Pílula não hormonal
Os pesquisadores explicam que o estudo se concentrou em uma proteína denominada receptor de ácido retinoico (RAR) alfa, importante para a fertilidade masculina. O ácido retinoico, uma forma oxidada da vitamina A, tem papel importante no crescimento celular, na formação de espermatozoides e no desenvolvimento embrionário, mas precisa interagir com o RAR-alfa para desempenhar essas funções.
Os testes em laboratório mostraram que os camundongos que receberam o medicamento para inibir o receptor se tornaram temporariamente estéreis. Eles recuperaram a fertilidade no intervalo de quatro a seis semanas após a interrupção do uso do contraceptivo. Os cientistas esperam começar os testes em humanos ainda este ano. A expectativa é que o contraceptivo esteja disponível no mercado em até cinco anos, em 2027. “Estou otimista de que avançaremos rapidamente”, disse a professora Gunda Georg, que integra a pesquisa.