Congresso em Foco – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
pode causar um estrago nas contas públicas caso lance em Plenário
projetos da chamada “pauta-bomba” – matérias que, prontas para votação,
causam forte impacto orçamentário e deixam o governo em situação difícil
em épocas de ajuste fiscal. Denunciado ao Supremo Tribunal Federal
(STF), na última quinta-feira (20), como investigado na Operação Lava Jato,
Cunha tem à disposição contra o Planalto, a quem atribui a denúncia,
projetos de lei, propostas de emenda à Constituição (PECs) e até 12
pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff à espera de
deliberação.
Segundo reportagem do jornal O Globo, entre as matérias
explosivas prontas para este segundo semestre legislativo estão
propostas relativas ao pacto federativo, que aumenta os gastos da União.
Às vésperas das eleições municipais de 2016, diz o jornal, o governo
tem uma base aliada “enfraquecida” e terá de coibir o ímpeto de
deputados com intenção de fazer caridade a estados e municípios.
Uma delas, a PEC 172, veda a criação de despesas para estados e
municípios sem que a fonte de custeio esteja definida. Leal à artilharia
de Cunha, oposicionista declarado desde 17 de julho, Moura apresentou
relatório sobre a proposta na última terça-feira (18), deixando claro
que caberia à União a absorção do impacto financeiro. “Do jeito que
está, é uma bomba fiscal seletiva. Preserva estados e municípios, mas
inexplicavelmente exclui a União”, reclamou o vice-líder do governo na
Câmara, Orlando Silva (PC do B-SP), segundo a reportagem.