No pedido para investigar
o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), enviado ao STF nesta segunda-feira, o procurador-geral
da República Rodrigo Janot solicita que Aécio preste depoimento ao
Ministério Público Federal em um prazo de até três meses, assim como
outras pessoas supostamente envolvidas no esquema de corrupção em
Furnas, como o ex-diretor da estatal Dimas Toledo. O procurador-geral
também pede à Polícia Federal que colete indícios entre o material já
apreendido na Operação Lava Jato para a apuração das suspeitas.
Janot havia recomendado ao STF o arquivamento da investigação contra
Aécio em março, mas agora pede a reavaliação do caso diante das novas
informações trazidas na delação premiada do senador Delcídio do Amaral
(sem partido-MS), homologada pelo relator da Lava Jato no Supremo,
ministro Teori Zavascki, também em março. Caso o STF autorize a abertura
do inquérito, o tucano será investigado por eventuais crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro em Furnas.
Em depoimentos prestados aos investigadores do Ministério Público Federal, Delcídio relatou um diálogo mantido com o ex-presidente Lula, em que o assunto foi a influência de Aécio na diretoria de Furnas comandada por Dimas Toledo, a quem cabia administrar contratos de terceirização. Segundo o ex-petista, em uma viagem em maio de 2005, Lula quis saber quem era Toledo e disse: "Eu assumi e o Janene veio pedir pelo Dimas. Depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor". Na sequência, Lula concluiu: "Pelo jeito ele está roubando muito".
Outro delator da Lava Jato a implicar o presidente do PSDB em suposta
corrupção em Furnas é Alberto Youssef. O doleiro afirma que Aécio
recebia, por intermédio de sua irmã Andrea Neves, valores mensais da
Bauruense. Segundo a PGR, a empresa recebeu 826 milhões de reais da
estatal entre 2000 e 2006. As investigações a partir da delação de
Youssef foram arquivadas por falta de provas.
Além do suposto envolvimento no esquema em Furnas, Rodrigo Janot cita
no pedido de investigação a Fundação Bogart & Taylor, supostamente
mantida por Inês Maria Neves Faria, mãe de Aécio, no paraíso fiscal
europeu de Liechtenstein. "Referidas informações constituem um conjunto
harmônico e apontam para a verossimilhança dos fatos descritos",
escreveu Janot.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, Aécio Neves classifica as
denúncias sobre Furnas como "temas antigos" e diz considerar "natural
que seja feita a devida investigação sobre as declarações dadas" por
Delcídio do Amaral. "(As investigações) irão demonstrar, como já ocorreu
outras vezes, a correção da sua conduta", afirma o texto.