G1 - Autoridades mexicanas e peritos independentes iniciaram nesta
segunda-feira (23) a exumação de mais de uma centena de cadáveres
enterrados em uma fossa no povoado de Tetelcingo, no município de
Cuautla, estado de Morelos, vizinho à Cidade do México.
A fossa foi encontrada em novembro de 2015 a partir da busca da família
de Oliver Navarrete, um comerciante sequestrado em maio de 2013 e
encontrado um mês depois em um barranco. O corpo foi identificado pela
família, mas Oliver não pôde ser sepultado por insistência da promotoria
em retê-lo para perícia. Algum tempo depois, porém, o cadáver sumiu dos
registros. Após três meses de "muitas denúncias e muitas batalhas", um funcionário
revelou que Oliver havia sido enterrado na fossa de Tetelcingo,
reservada a pessoas cujos corpos não são reclamados pela família.
O enterro, portanto, foi ilegal, e realizado com assinaturas de
autorização falsas, segundo a France Presse. Descobriu-se que o cadáver
estava debaixo de dezenas de corpos, "violando protocolos
internacionais, que indicam que as covas comuns de cadáveres devem
separar um corpo do outro, no caso de eventuais pedidos", afirmou o
diretor do Programa de Atenção a Vítimas da Universidade Autônoma do
Estado de Morelos (UAEM), Roberto Villanueva.
A partir daí, famílias de desaparecidos pediram que a fossa fosse
investigada para a identificação de outros possíveis enterros
irregulares. O Ministério Público anunciou que 116 cadáveres foram enterrados nessas
covas em 28 de março de 2014, mas ativistas duvidam da veracidade do
registro oficial. A ONU e outras organizações civis estimam que exista, ao menos, 20.000 desaparecidos no México. A exumação, que pode durar cinco dias, foi iniciada pelo promotor de
Morelos, Javier Pérez. Dezenas de familiares de outros desaparecidos
estavam presentes.