BG - Colecionador de polêmicas, o empresário Oscar Maroni pretende agora
se dedicar a uma nova atividade: a fundação de uma religião. Dono da
casa noturna Bahamas, em São Paulo, ele diz que seu próximo “negócio”
terá o sexo como “ponto central” e pensa em provisoriamente usar o
estabelecimento como “templo”.
“Quero lançar uma religião baseada no hedonismo, afinal o ser humano
veio ao mundo para aproveitar os prazeres da vida. Bens materiais, por
exemplo, serão importantes nesta minha religião”, afirmou em entrevista
ao UOL.
A exemplo do Judaísmo, do Cristianismo e do Islã, três das maiores
religiões monoteístas da atualidade, a doutrina de Maroni terá também os
seus pilares (os “Mandamentos”, veja abaixo) e um peculiar “livro
sagrado”, que ele prefere chamar apenas de “Manual”. O assunto é tratado
com tanta seriedade que ele diz estar selecionando professores da
Universidade de São Paulo (USP) em áreas distintas, como filosofia,
teologia e psicologia, para a elaboração do livro.
O empresário explica que é preciso fundamentar os princípios de sua
doutrina de uma forma que haja diálogo com os tempos atuais. E, mesmo em
se tratando da formalização de uma crença, o “sacerdote” Maroni mostra
que continuará ácido em seus comentários: “Não posso me basear em uma
religião de dois mil anos atrás, de caras que ficavam no meio do deserto
falando várias abobrinhas”.
“Eu acredito na física, na química e na teoria da evolução do Darwin.
E acredito também no amor ao próximo”, defende. “E vou usar de uma
vantagem que Jesus Cristo não tinha, as redes sociais”, completou.
Ainda citando Cristo, sua principal referência na nova empreitada,
Maroni diz, em tom de sarcasmo: “Jesus era fabuloso e tenho com ele três
pontos em comum: o amor ao próximo, a liberdade e ele amava uma garota
de programa da época, Maria Madalena, eu amo todas”.
Enquanto estuda com seu contador como poderá viabilizar seu novo
projeto, o empresário analisa transformar o Bahamas em templo até poder
adquirir um local específico. “O Bahamas é um centro de entretenimento
para adultos, que oferece o prazer da carne e a descontração entre
amigos. Outro dia altos executivos estavam batendo papo. Na minha
religião, o sexo será um ponto central”, apontou.
Com formação em psicologia, o “homem do prazer” postula se basear no
behaviorismo – conjunto de teorias sobre o comportamento humano – para a
fundação de sua religião e não perde a oportunidade de criticar líderes
evangélicos com ideias radicais no diz que respeito à união entre
pessoas do mesmo sexo.
“Na faculdade, aprendi que as duas maiores fontes de prazer do ser
humano, que controlam o comportamento, são o alimento e o sexo. Sexo é
bom, saudável e gostoso. Pastores como Silas Malafaia e Marco Feliciano
não têm o direito de querer administrar os ânus dos homossexuais ou as
línguas das lésbicas. Na minha religião pretendo defender a liberdade”,
disse.
Inspiração em Raul Seixas
As ideias de um nome para sua religião – que ele deixa claro, não se
trata de uma igreja – são várias e ainda estão sendo analisadas. O
importante é que traga alguma referência à liberdade.
“Ainda estou pensando, hoje li que o dono da Rolex demorou seis meses
para escolher o nome. Pode ser que se chame Freedom ou quem sabe Homens
Livres. Amo um homem chamado Raul Seixas, por isso Sociedade
Alternativa também seria um bom nome”, refletiu.
A pretensão do empresário é ir longe com o projeto “espiritual” – a
ponto de, quem sabe, se aproximar em importância de Edir Macedo, líder
da Igreja Universal do Reino de Deus, uma das maiores denominações
neopentecostais da América Latina.
“Quero fazer uma sociedade mais justa, mais livre. É o sentimento de
injustiça que me motiva. Quando o homem passa por uma injustiça, ele se
torna frio ou com mais necessidade de justiça. Essa é a minha semelhança
com o Edir Macedo [líder da Igreja Universal do Reino de Deus]. Assim
como eu, ele também foi preso. Pode parecer piegas, mas o que eu quero é
um mundo mais justo. Não preciso mais de dinheiro”, afirmou.