O cientista político e diretor da Quaest Felipe Nunes também aponta que 47% dos evangélicos "não ficaram sabendo da fala de Lula sobre aborto", em abril, quando o ex-presidente defendeu a discussão sobre a ampliação do direito à interrupção da gravidez como "questão de saúde pública". Quando informados, contudo, 62% dos eleitores do segmento disseram que podem mudar o voto em um candidato de acordo com seu posicionamento sobre o tema.
Para Nunes, o desempenho de Bolsonaro entre evangélicos está relacionado à pauta do aborto. "Aqueles que tomaram conhecimento da posição dada por Lula já começam a migrar para o presidente. O que eu sugiro é que o efeito será ainda maior no futuro quando mais gente tomar conhecimento do assunto."
Apesar da tentativa de se aproximar do segmento, inclusive com a criação de núcleos evangélicos nos Estados, a campanha de Lula tem enfrentado ataques de pastores em cultos evangélicos e nas redes sociais. Bolsonaro, por outro lado, se aproxima cada vez mais do público e voltou a posicionar a pauta de costumes no Congresso Nacional. Este é o primeiro mês desde julho de 2021 que os evangélicos avaliam o governo de forma mais positiva (36%) que negativa (32%), segundo a Quaest.
Entre os católicos, o cenário é outro, com Lula sendo escolhido por 53% dos entrevistados ante 27% que preferem Bolsonaro. A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.000 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 5 a 8 de maio. A coleta dos dados foi realizada de modo presencial e a margem de erro é de dois pontos porcentuais.