A mesma indefinição que tomou conta da base aliada do governo
Robinson Faria nos últimos dias com relação a eleição para a Presidência
da Assembleia Legislativa, parece estar residindo também no PMDB,
partido dono da maior bancada da Casa Legislativa e responsável por dois
dos três candidatos hoje em disputa – Ezequiel Ferreira e Álvaro Dias. E
mais: se a divisão dentro da base aliada de Robinson pode ser
considerada nociva para o plano de reeleição de Ricardo Motta, o racha
interno do PMDB acabou sendo bom para o atual presidente, que possui,
hoje, o maior número de votos peemedebistas.
Afinal, dos cinco votos que o PMDB tem hoje na Assembleia, dois –
Nélter Queiroz e Gustavo Fernandes – vão para Ricardo Motta, conforme os
mesmos já disseram. “Já declarei meu voto há umas 10 semanas. Vou votar
em Ricardo Motta. Está certo já”, afirmou Fernandes, revelando que até
foi procurado nestes últimos dias, mas não mudou a decisão. “Todo mundo é
procurado nesse período”, acrescentou ele.
A declaração, inclusive, foi até acompanhada pelo também peemedebista
Hermano Morais, que disse na época que “Ricardo tem feito um bom
trabalho, vem conduzindo bem nossa Casa, tem boa relação com os colegas e
o perfil ideal para interagir com os demais poderes, o que será
fundamental para o Estado”. Nesta semana, no entanto, procurado pela
reportagem do JH, Hermano não foi tão enfático e disse esperar uma
candidatura de “consenso” para a Casa e deixou o voto em aberto.
Os dois votos que “sobram” dentro da bancada do PMDB, Ezequiel
Ferreira e Álvaro Dias, são candidatos a presidente e, espera-se, cada
um vote em si mesmo, dividindo a sigla em três candidaturas diferentes.
Como O Jornal de Hoje mostrou em matéria publicada nesta
quinta-feira, uma divisão semelhante reside dentro da base aliada do
Governo Robinson Faria. Também fechado com Ricardo Motta, o futuro líder
governista na Casa, o deputado José Dias (PSD), anunciou apoiar a
reeleição do atual presidente, mas teria sido surpreendido pelas
articulações promovidas pelo ex-deputado e hoje vice-governador, Fábio
Dantas (PC do B), que passou a pedir voto dos parlamentares aliados para
Ezequiel Ferreira.
A “surpresa” aí é conseqüência do fato de Fábio Dantas ter revelado,
anteriormente, o desejo de votar em Ricardo Motta. “Ele (o atual
presidente) é um amigo. A gente construiu essa amizade durante os quatro
anos da Assembleia. Ele já era amigo do meu pai e não tenho nenhum
problema de compor com Ricardo Motta, mas sigo um grupo político, que é o
grupo vencedor da eleição, no qual a gente vai fazer um consenso entre
todos e discutir quem é o melhor nome para a Assembleia, que pode ser
Ricardo também, com certeza”, revelou ele, em dezembro.
De lá para cá, Ricardo Motta comandou a votação de matérias de
interesse da gestão estadual e que ajudariam a amenizar o momento de
crise pela qual atravessa o Rio Grande do Norte, como as aprovações de
um novo empréstimo para garantir recursos para investimentos no Estado e
a da permissão para o Banco do Brasil cobrar a Dívida Ativa do RN, que
pode aumentar a arrecadação dos cofres públicos do RN.
Isso ajudou o grupo comandado por José Dias a se definir pela
oficialização do apoio a Ricardo Motta. Contudo, foi aí que Fábio Dantas
surpreendeu e passou a articular em prol da eleição de Ezequiel
Ferreira para a Presidência da Casa.
Jornal de Hoje